terça-feira, 27 de dezembro de 2011

TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO NA GUINÉ OU "GUERRINHAS" ENTRE AS FORÇAS ARMADAS?



Governo português «atento» à situação na Guiné
Foram recomendadas medidas de precaução à comunidade portuguesa

Por: tvi24 | 26- 12- 2011 17: 32

Guiné-Bissau (reuters)

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O Governo português está a acompanhar «com atenção» a situação na Guiné-Bissau e recomendou à comunidade portuguesa «as medidas de precaução adequadas nestas circunstâncias», após um conflito hoje entre militares naquele país, segundo um comunicado enviado à Agência Lusa.

Segundo a nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Governo tem ainda «mantido contactos com as autoridades guineenses e com os parceiros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)» sobre a situação.

O Executivo português apela também ao «compromisso de todas as instituições e forças políticas guineenses no sentido da estabilidade, da institucionalidade e da segurança no país».

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, garantiu hoje que a situação no país está «sob controlo», mas remeteu para o Governo mais esclarecimentos sobre os conflitos entre militares.

António Indjai falava aos jornalistas após um encontro com os ministros da Defesa Nacional, Baciro Djá, da Educação, Artur Silva, e do Interior, Fernando Gomes, que durou cerca de uma hora e meia.

O chefe das Forças Armadas referiu ainda que «o Governo vai emitir um comunicado nas próximas horas para explicar o que se passou».

Por seu lado, em declarações à Lusa no final do encontro, o ministro da Defesa adiantou que membros do Governo iriam reunir-se às 17:00 com o presidente do Parlamento, Raimundo Pereira, que está constitucionalmente a substituir o Presidente guineense, Malam Bacai Sanhá, internado num hospital em Paris para exames médicos.

Segundo Baciro Djá, haverá depois uma declaração política.

Militares armados

António Indjai chegou ao Ministério da Defesa vestido à civil e acompanhado de cerca de 50 militares armados com kalashnikov e lança-rockets.

Um dirigente do Movimento da Sociedade Civil da Guiné-Bissau, Luís Vaz Martins, denunciou hoje a ocorrência de «movimentações militares anormais» nalguns quartéis do país o que disse tratar-se de «mais uma insubordinação dos militares» ao poder civil.

A situação na capital é calma, mas a rua que dá acesso à casa do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, em Bissau, foi cortada ao trânsito ao início da tarde e a segurança da zona foi reforçada com polícias e militares.

PM em local desconhecido

O paradeiro do chefe do Governo é desconhecido, havendo, no entanto, informações não confirmadas de que poderá estar refugiado na embaixada de Angola em Bissau.

As instalações da embaixada ficam em frente à casa do primeiro-ministro.

Por seu lado, o chefe do Estado-Maior da Armada, Bubo Na Tchuto, convocou os jornalistas para lhes dizer não tem nada a ver com as movimentações militares no país.

«Foi o próprio chefe do Estado-Maior (António Indjai) que me ligou, esta manhã, a perguntar se seriam os meus homens que tentaram atacar o paiol, ao que lhe respondi que não são os meus homens e não tenho nada a ver com tudo isso», disse.

Esta situação faz lembrar o levantamento militar de 1 de Abril de 2010. Na altura, um grupo de militares, liderados por António Indjai e Bubo Na Tchuto destituiu o então chefe do Estado-Maior, Zamora Induta, tendo também detido, por algumas horas, o primeiro-ministro.

António Indjai era na altura vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e Na Tchuto estava refugiado na sede das Nações Unidas depois de regressar ao país oriundo da Gâmbia, para onde havia fugido por ter sido acusado de tentativa de golpe de Estado.

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