segunda-feira, 25 de junho de 2012

FILME: COSSÉ, 16 HORAS, de GIL RAMOS

Caros Camaradas e Amigos

No âmbito do CURTAS - Festival Internacional de Cinema de Vila do Conde, o nosso amigo Gil Ramos, da MISSÃO DULOMBI, apresentará o seu filme "COSSÉ, 16 HORAS", no dia 9 de Julho, às 21h00, No Teatro Municipal de Vila do Conde.

As imagens foram colhidas durante a Missão Dulombi deste ano, nas zonas de Galomaro e Dulombi.

Um abraço.
Luís Dias
















quarta-feira, 6 de junho de 2012

UMA PEQUENA HISTÓRIA DO CAMARADA JOSÉ PEREIRA DA SILVA, O “GRIJÓ”


UMA PEQUENA HISTÓRIA DO CAMARADA JOSÉ PEREIRA DA SILVA, O “GRIJÓ”
José Pereira da Silva, o “Grijó”
Ex-Sold. Atirador de Infantaria
BCAÇ 3872
CCAÇ 3491
2ª Grupo de Combate (Os Lenços Azuis do Dulombi, também conhecidos por Alma Forte, lema do crachá utilizado pelo grupo)
Locais: Cumeré, Dulombi, Galomaro, Piche, Nova Lamego e Pirada

O José Silva entregou-nos uma pequena história para publicação no nosso blogue, excerto do seu trabalho para o RVCC – Novas Oportunidades.

Veio o serviço militar e assentei praça em Braga, no RI8 e em Julho de 1971 acabei a recruta e fui para Abrantes (RI2), fazer a especialidade de atirador (de infantaria). Após a formação do Batalhão, embarcámos para a Guiné em 18 de Dezembro de 1971, no navio Angra do Heroísmo e estive lá até Abril de 1974 (mais propriamente até 29 de Março, tendo chegado a Lisboa em 4 de Abril). Em meados de Janeiro ou Fevereiro de1972, o General António Spínola visitou a CCAÇ3491, companhia do BCAÇ 3872 (a visita do comandante-chefe de inauguração do Quartel do Dulombi teve lugar a 29 de Abril), em que nos prometeu que iríamos passar o Natal de 1973 com os nossos familiares e isso não aconteceu.
Passei lá tempos difíceis e a história que mais me marcou foi quando 3 quartéis estavam a ser atacados pelos “turras” (Pirada, Bajocunda e Copá???) e nós só fomos no dia seguinte para Pirada  (refere-se ao 2º GC do Alferes Dias e dos furriéis Gonçalves e Espírito Santo, do qual fazia parte e ainda a um GC madeirense da CCAÇ 3518, que ficou sob o comando do mesmo alferes por não terem oficial), porque os que lá estavam apenas tinham 3 meses na Guiné e não tinham muita experiência.

(Já em Pirada os grupos receberam ordens para seguir para Copá, mas o Alferes Dias referiu ao comandante do Batalhão ali instalado que as ordens que recebera da CAOP 2 era de ir defender Pirada e que se alguém tinha de reforçar Copá eram os elementos da companhia a que pertenciam os camaradas instalados naquele destacamento - companhia operacional que estava em Pirada juntamente com a CCS. O GC madeirense, que tinha ido para a Guiné no mesmo barco que o nosso batalhão e já tinham passado um mau bocado em Guidage, disse que não iriam para Copá, preferiam ser presos. De facto, ambos Grupos de combate já tinham ultrapassado o prazo de comissão habitual na Guiné, eram dos mais velhinhos na província. Por sorte a CAOP informou o comando do batalhão que de facto as ordens que tinham sido atribuídas eram de ficar em Pirada a apoiarem o Batalhão ali instalado e não de irem ocupar Copá. No entanto, acederam em colaborar operacionalmente e escoltar uma coluna que partiria no dia seguinte para Copá.).

Como me tinha atrasado, mais outro camarada de Gaia, a chegar ao local de encontro do nosso GC ficámos de castigo. Nesse dia tivemos Deus pelo nosso lado, porque se tivéssemos partido para ir dar apoio a Copá, teríamos chegado a uma ponte que estava armadilhada e onde se emboscaram os “turras” à espera de quem passasse, para mandarem tudo pelos ares e não ficava ninguém para contar a história.
Ficámos em Pirada, tomámos banho, jantámos e fomos distribuídos pelas casernas, depois fomos para junto dos “piras” que estavam ali há apenas 3 meses, mas conheciam melhor a zona que nós. Sentámo-nos num banco comprido junto deles, estando dois deles de reforço junto ao arame farpado. Por volta das 20 horas vê-se um clarão seguindo-se o som de um rebentamento, que os “piras” diziam ter sido para os lados da ponte. Como os “turras” viram que ninguém passava destruíram a ponte.Fomos dormir mas como estava constipado fui à enfermaria do quartel onde me deram uma injecção.

(Ex-Alferes Dias: Estava a fazer um reconhecimento ao quartel de Pirada, acompanhado do Alferes de Artilharia, quando vi um grande clarão. Lembrámo-nos da possibilidade de ser um lançamento de foguetão contra o quartel e iniciámos uma corrida para os espaldões dos canhões. Após o rebentamento e pela zona do mesmo, o Alferes apontou os canhões para a zona e deu ordem de fogo. Pouco depois chegava alguém das transmissões a informar que os projécteis tinham caído numa tabanca. Isto causou um alarme e um arrepio no meu camarada que foi a correr para o quarto, comigo na peugada, para verificar os planos de tiro e só me dizia: ”Não pode ser! O alinhamento está correcto, com certeza!”. De facto estava, porque logo de seguida veio nova informação a dizer que as granadas haviam caído ainda longe da tabanca, mas com medo que a próxima descarga lhes acertasse, as milícias tinham tido aquele desabafo!).

No dia seguinte, devido à injecção, mal conseguia andar mas formei com os meus camaradas após a chegada do furriel da Secção. Era a coluna que ia seguir para Copá e passar pela ponte destruída e trazer dois corpos. Eu disse-lhe que não podia caminhar devido à injecção que levara, mas ele respondeu-me que se tivéssemos de ir de seguida para Nova Lamego eu não ia ficar ali. Arrancou a coluna com os sapadores na frente a picar e desarmar minas que não foram assim tão poucas e eu lá seguia com o meu grupo atrás das viaturas, mas como não podia mesmo caminhar o furriel lá me mandou subir para a Berliet, para o lugar ao lado do condutor, estando o chão protegido contra os rebentamentos de minas por sacos de areia.

Seguíamos em ritmo lento quando de repente o condutor deixa a faixa de rodagem e segue em direcção à mata. Grito-lhe para ele parar, para eu sair, mas ele só veio a parar num local onde costumava dar a volta às viaturas. Saltei de imediato e meio metro depois a roda da frente (do seu lado) pisa uma mina anti-pessoal que rebenta e destrói a roda. Eu já me encontrava atrás de uma árvore quando o condutor saiu com as mãos à cabeça e a dizer: “Ai!Ai que sorte que eu tive!”.

Nós éramos para seguir viagem mas chegou o comandante do batalhão que disse: “Como é que eu vou mandar estes homens para a frente se eles já deviam estar junto das suas famílias!” Depois mandou a coluna regressar a Pirada, terminando assim em bem mais uma das muitas histórias porque passámos.

(Ex-Alferes Dias: Durante as conversas que tivera com os meus graduados e soldados sobre a zona de intervenção de Pirada, eu tinha-lhes referido a notória possibilidade do IN colocar engenhos explosivos junto a árvores que ladeiam as picadas, porque sabem do nosso costume de procurar abrigo nestes locais, quer para defesa do calor que se faz sentir, quer para responder a emboscadas. E disse-lhes que em caso de qualquer problema deveriam evitar esses locais, sem prévia picagem. Falei-lhes que na zona o tipo de minas A/P era diferente das que colocavam na nossa zona de origem, nomeadamente do tipo denominado “viúvas negras”.

A coluna seguia lentamente devido à quantidade minas A/C que o IN colocara na picada e que iam pondo os nervos em franja aos sapadores. O IN dava-se ao luxo de, em alguns dos casos, elas nem estarem tapadas. Pensava-se que, muito possivelmente estariam armadilhadas. Era tal a profusão das mesmas que o comandante do batalhão de Pirada teve consciência que alguma coisa iria correr mal e deu ordem de inverter a marcha e foi aí que se deu a “cena” contada pelo nosso amigo José da Silva, que também escapou de boa!!!

NOTA: O José Pereira da Silva era unha com carne com o Joaquim Pedro Silva, na Guiné e ainda continuaram e são amigos para além da vida militar, amizade esta alargada às famílias que criaram. São ambos um exemplo do melhor que as situações de guerra podem criar num ser humano – amizade para toda a vida. O Joaquim Pedro recebeu um louvor atribuído pelo Comandante do CAOP 2 (Agrupamento de Batalhões do Leste da Guiné), dado em Outubro de 1973, ou seja uns tempos antes dos factos aqui relatados.

 Nesta foto do último encontro realizado em Carapinheira/Tentúgal, o João Pereira da Silva é o segundo elemento a contar do lado esquerdo, de camisa branca e de óculos. Antes dele, de bigode e de camisa aos quadrados azuis está o seu inseparável amigo, Joaquim Pedro.

terça-feira, 5 de junho de 2012

CONVÍVIO DOS NOSSOS "PIRAS" - A 1ª CCAÇ/BCAÇ4518/73

Caros Camaradas e Amigos

Também os nossos "piras" (1ª CCAÇ do BCAÇ 4518/73) que nos renderam em 1974, efectuaram o seu Convívio Anual em Abril deste ano e adivinhem lá onde é que o mesmo teve lugar? Depois de nos cruzarmos no Dulombi, os nossos camaradas efectuaram o seu almoço no mesmo restaurante que nós! É verdade, estiveram também no restaurante Patinhos na Carapinheira. Há cada uma!

O Ex-Alferes Tinoco daquela unidade enviou-nos uma foto para publicar sobre o grupo que se reuniu para celebrar os tempos que passaram na Guiné.

Um abraço para o Tinoco, com os nossos agradecimentos e também para toda a rapaziada daquela companhia.




sexta-feira, 1 de junho de 2012

CONVÍVIO DA CCAÇ 3491

ALGUMAS FOTOS DO 13º CONVÍVIO, realizado na Carapinheira-Tentúgal, no dia 26 de Maio de 2012


















O Convívio foi bastante concorrido com a presença de dezenas de combatentes, muitos deles acompanhados de suas famílias.
Para além do Ex-Capitão Pires, estiveram presentes os ex-Alferes Dias e Parente e os Ex-Furriéis E. Santo, Rodrigues, Nevado, Soares e Carvalho. Contámos com a presença do Ex-Alferes Médico R. Coelho e Ex-Alferes Vasconcelos, ambos do nosso Batalhão 3872. Foi com alegria que fomos surpreendidos pela presença do Ex-Alferes Barata, que pertenceu à CCAÇ 2700, que nós rendemos em 1972 (os nossos "Velhinhos") e que me ofereceu uma recordação do Dulombi (um pedaço de terra da cor do fogo), que foi trazido pelas gentes da Missão Dulombi 2012, que há pouco tempo estiveram em Dulombi e Galomaro. Foi lindo.
 Um dos momentos altos do convívio foi a observação de um minuto de silêncio em honra dos elementos que já partiram. Descansem em paz.
Foi para mim uma surpresa reencontrar o Dr. Rui Coelho que já não via desde 1974. Uma surpresa e um grato prazer, pois o cirurgião de méritos reconhecidos no Porto, continua a ser a pessoa que eu conheci em Galomaro, mantendo um excelente sentido de humor e sendo um bom contador de histórias. Foi importante conhecermos o que se passou depois da nossa partida, quer com com o batalhão que nos foi render, quer com com os elementos das forças de milícias, quer com o surgimento dos guerrilheiros do PAIGC, bem como quem eram os infiltrados na zona de Galomaro. Ora o Dr. Rui Coelho acompanhou muitos destes momentos porque ficou em Galomaro mais uns tempos até o batalhão 4518/73 ir para Bissau. Ficámos impressionados com os factos que nos contou.....Aquilo não foi nada fácil, em especial depois dos militares terem sabido da emboscada do PAIGC à malta de Mansambo (Batalhão de Bambadinca), quando se dirigiam para o Xitole, para um jogo de futebol de confraternização, convencidos que a guerra já tinha terminado. Outro problema foram os milícias e as populações (quase todos de origem Fula) que perguntavam porque é que os abandonavam, quando eles eram portugueses e queriam continuar a ser e exibiam bandeiras e documentos comprovativos  desse estado.
 O amigo Eng. Vasconcelos é aquela máquina (uma excelente pessoa, daquelas que é impossível não gostar). Já tinha estado connosco no ano anterior e foi de uma grande simpatia e de um gesto de grande amizade o ter-se novamente deslocado do berço da nacionalidade para nos honrar com a sua presença. Um bem hajas camarada.
Outra surpresa foi encontrar o meu soldado, mais conhecido na companhia pelo "Amarante" e que já não via desde 1974, que se tornou famoso por ter sido o primeiro elemento da companhia a ver um elemento do PAIGC, que avançava para nós, dando de imediato o alarme, ao gritar: "Turra"!"Turra"! Isto no contacto/emboscada, havido em 11 de Março de 1972, junto ao Rio Paiai Lemenei.
O Ex-1º Cabo Avelino Martins, depois da descoberta, no ano anterior, que os seus camaradas se reuniam anualmente, não quis faltar e compareceu com os irmãos (gente boa de Matosinhos). Um bem hajam e o desejo de rápidas melhoras para a familiar que se encontra doente.
O Guimarães que ainda labuta e vive em França, veio de propósito para este encontro.
De facto, uma das coisas que me impressionam é que muitas das amizades forjadas naquela terra e naquela guerra se mantiveram e mantêm ao longo da vida. São, por exemplo, os casos do Pedro e do Grijó, que eram unha com carne e que continuam com uma grande amizade, alargada aos membros das famílias de ambos. Do Valente (apontador do morteiro 60 mm) e do municiador Guimarães.
Uma palavra para o Norberto, o nosso "Charlot", que continua a encantar com as suas mirabolantes histórias. 
O Pedro, o nosso homem da Berliet, trouxe notícias do nosso amigo Carlos Ferreira, o "Nunca Falha" e as mesmas ainda não são as que gostaríamos de ter recebido. O "Nunca Falha" continua em recuperação do mal que o acometeu e, por esse facto, não esteve connosco. Caro Carlos Ferreira a malta da companhia envia-te um forte abraço, com os desejos que recuperes a tua saúde e que para o ano não nos falhes! Contamos contigo!
O "Grijó" entregou-me uma pequena história para eu publicar sobre uma situação por ele vivida na Guiné. em breve irei aqui colocá-la. Também irei escrever qualquer coisa sobre o Norberto e algumas das suas histórias.
O próximo convívio terá lugar em Gouveia e será organizado pelo Carvalho (operador de transmissões).
O Espírito Santo tirou fotos da malta e espero publicá-las quando ele mas enviar.