segunda-feira, 22 de junho de 2015

A AFRICANIZAÇÃO DO EXÉRCITO PORTUGUÊS NO CTIG

Caros Camaradas e Amigos


Incluso um documento que me foi entregue pelo Ex-Alf. Médico, Dr. Rui Coelho, no qual reflecte a sua opinião sobre a guerra na Guiné e que requer publicação para conhecimento. De lembrar que o nosso querido amigo esteve no nosso batalhão, mas ainda ficou afecto ao batalhão que nos rendeu e que presenciou o que se passou após a nossa partida e em especial, após o 25 de Abril de 1974.
Luís Dias

Este documento foi também publicado no Blogue da Tabanca Grande e mereceu do editor deste blogue a seguinte anotação que ali foi publicada.


Caros Camaradas e Amigos Tabanqueiros


O Post do meu amigo Dr. Rui Coelho é o passar a escrito das observações que ele já nos tinha transmitido oralmente, nas conversas dos almoços de confraternização da minha companhia (CCAÇ3491-Dulombi e Galomaro 71-74), aos quais o Dr. Rui Coelho, tem dado a honra da sua sempre estimável presença. Dado que o nosso batalhão saíu da sua área operacional em 9 de Março de 1974 e de Bissau em 28 de Março do mesmo ano, não sabíamos o que aconteceu após o 25 de Abril de 1974. Na nossa zona operacional existiam muitas Tabancas defendidas por pelotões de milícias (algumas com mais do que um pelotão), outras em auto-defesa e outras mais pequenas, completamente indefesas. O IN apostava e atacava com mais frequência as Tabancas, do que os nossos aquartelamentos. Nesses ataques, dada a proximidade com que eram efectuados, a probabilidade de baixas em ambas as partes eram mais frequentes do que nos ataques contra nós. De facto, as nossas milícias eram uns autênticos heróis. Conseguiam, com menos material bélico, competir com o IN, provocando-lhe baixas confirmadas, capturando guerrilheiros, porque aguentavam os ataques, normalmente nocturnos, ao arame e, rapidamente, passavam à ofensiva, obrigando-os a fugir. Em outros casos, aquando de ataques a outras Tabancas da sua zona, iam em socorro das mesmas, percorrendo trilhos, mas também a corta-mato, sem temor, obrigando o IN a retirar rapidamente. Lembro-me do nome de muitos dos comandantes desses pelotões e da forma como se comportavam quando em operações conjuntas. Assim, ao saber pelo Dr. Rui Coelho, do que se passou após a nossa saída, em especial o desarmamento daqueles que combateram ao nosso lado, que eram no mato os nossos olhos e a forma como se afirmavam como portugueses, entristece-me pensar que, se calhar, muitos deles, ou fugiram ou possam ter sofrido a "sorte", dos elementos do comandos africanos.
Caro amigo, obrigado por nos trazeres o ponto de vista de quem lá ficou e assistiu à pressa com que alguns quiseram sair da Guiné, sem acautelar, devidamente, a vida daqueles que acreditavam em nós e eram tão portugueses como eu.
Um abraço a todos
Luís Dias Ex-Alf. Milº At.Infª CCAÇ3491/BCAÇ3872

13 de Junho de 2015 às 21:49

E do próprio Dr. Rui Coelho, após conhecimento da publicação e das palavras que lhe foram dirigidas:

  O Meu Muito Obrigada a todos os que me leram com atenção. A Verdade por vezes custa a engolir mas a Verdade é Fundamental para o Bom Equilíbrio  Emocional e para a Manutenção de de uma Personalidade bem alicerçada. É a Vida e a minha foi sempre assim. Detesto quem tenta distorcer a verdade dos factos que foi o que aconteceu ao longo de 40 anos em que a principal democratização foi a inverdade a adulteraçao dominada e orientada pelos Média, com um sentido perverso e dominador de interesses inconfessáveis e com uma estrita obediência a poderes políticos e económicos que são a  base de toda a mentira repetidamente dita passar a ser verdade.  Que se lixem todos aqueles que nos olham de lado unicamente por termos cumprido patrioticamente o Dever a que fomos chamados e que nos tornaram a todos uns Heróis e a uma Geração Sacrificada tão maltratada e injustiçada
.      Vivam pois todos os Camaradas Africanos Sacrificados pelos mesmos Poderes Políticos e Econômicos que distorcem a verdade. Que Deus vos proteja eternamente.
  Um abraço do Rui Vieira Coelho








Dr. Rui Coelho