quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A 1ª COMPANHIA DO B.CAÇ 4518/73

Caros Camaradas

Finalmente conseguimos obter um contacto de um elemento da companhia dos nossos "piras", o Ex-Alf. Milº, Joaquim Tinoco, que nos fez chegar num mail alguns apontamentos do que lhes aconteceu, após a nossa partida do Dulombi e de Galomaro.
Face à sua autorização, publicamos o seu texto, com os nossos agradecimentos e um bem haja, extensível aos camaradas da 1ª CCAÇ.

LD

Posto de Controlo do PAIGC - Canjadude - Guiné 1974

Caro companheiro e camarada

Fiquei muito agradado por ter recebido notícias de alguém, que pelos vistos ainda mantém recordações tão frescas da nossa passagem por Dulombi e Galomaro, no longínquo ano de 1974...!eu próprio, já não seria capaz de me lembrar que estivemos em sobreposição até Março, com a companhia 3491...Agora começo a ter uma vaga ideia, mas na minha a rendição completa havia acontecido mais cedo...Mantenho no entanto as fotos da recepção que nos fizeram na picada de acesso ao quartel de Dulombi, com Unimogs com câmaras de filmar simuladas, dizendo RTP - Dulombi... disso tenho boas recordações...De momento, sem prejuizo de um encontro e de uma conversa... apenas lhe posso dizer que o quartel de Dulombi, foi abandonado pouco tempo depois da vossa saída, já que era o que estava mais próximo do rio Corubal, até ao qual ainda fizemos algumas incursões...Estivemos uns tempos em Galomaro, passando depois para Nova Lamego (actual Gabu), como Companhia de Intervenção. coube-nos ir perseguir o inimigo após os ataques aos aquartelamentos de Piche, Pirada, Burumtuma, Canquelifá, etc...Saíamos para o mato todas as semanas, uma ou duas vezes, recolhiamos vestígios da presença do inimigo, mas nunca tivemos nenhum contacto, a não ser depois do 25 de abril. O pior foi a fase do saber se se dispara, se não se dispara... a verdade é que nunca foi disparado nenhum tiro na nossa direcção, nem nós disparamos contra o inimigo...Depois do início do processo de paz, os "turras" ocuparam os nossos quarteis, em coabitação com os nossos soldados, levaram os colchões para as tabancas, a nossa tropa dormia no chão...e eles embebedavam-se na cantina... e os comandantes da messe...Eu vim e férias em julho de 1974, regressei a nova Lamego em meados de agosto, pois com a rendição e a dificuldade de transporte, estive em bissau 15 dias a aguardar transporte. Depois de lá chegar, passados uns dias, começou a nossa retirada, tendo ficado lá uma secção do meu pelotão, do qual eu era o Comandante, e que só regressou a Bissau, uns dias depois..Em Bissau, reinava a maior confusão, com os nativos da estiva a recusar carregar os barcos entretanto enviados da metrópole, para fazer embarcar tudo quanto pudesse ser retirado, nomeadamente material de guerra, pertences dos oficiais generais, etc...Então, o comandante em chefe, prometeu voos de regresso mais rápido a quem se oferecesse para trabalhar na estiva, carregando os barcos...O nosso Comandante de Companhia, Cap. Lima Gonçalves, foi um dos primeiros a oferecer a mão de obra da nossa companhia. Os pelotões faziam turnos de seis horas, descansavam 18. Mas como só havia dois Alferes milicianos, eu e outro, pois um havia sido transferido para uma companhia de nativos, logo no início da comissão, e outro estava de férias, eu alinhava na superintendência dos trabalhos de seis em seis horas, pelo que foram os 15 dias piores de minha vida... trabalhando 6 horas e descansando outras 6...Concluído o trabalho, foi então colocado um avião á nossa disposição, para o regresso á Metrópole, tendo nós embarcado de regresso no dia 11 de Setembro de 1974. A descolonização total aconteceria dali a 8 dias, a 19 de Setembro.Chegados a Lisboa, fomos desmobilizar a Campolide, onde nos despedimos. Saliento aqui que nunca esquecerei o facto de os meus soldados me terem tirado a camisa que eu trazia vestida, tendo-a retalhado em pequenos pedaços, ficando um peacinho para cada um, galões incluídos...Só voltaríamos a ver-nos passado 27 anos, em 2000, no primeiro encontro convívio, que entretanto, eu e outro camarada furriel Rocha da silva, conseguimos organizar, depois de termos conseguido a muito custo obter os contactos dos camaradas...Para o ano, iremos realizar em 25 de Abril, o oitavo encontro, em Tomar, no próprio quartel de onde fomos mobilizados.Não perdemos nenhum camarada, graças a Deus, pois também não tivemos contactos bélicos com o inimigo... Hoje, damos graças a Deus por isso...Já acedi ao site da v/ companhia, e desde já lhe dou permissão para, se o entender, publicar estas breves memórias do que foi a nossa comissão de serviço após o vosso regresso...Entretanto, deixo o meu contacto, para se quiser poder contactar-me e podermos falar um pouco...Eu resido em Vila Nova de Famalicão e trabalho em Braga.Fico ao dispôr!

Um abraço doJoaquim Passos Tinoco - Alferes Miliciano 1ª C/Caç - B/Caç 4518/73.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

REUNIR ELEMENTOS DAS COMPANHIAS QUE PASSARAM PELO DULOMBI

Caros Camaradas

O Ex-Alferes Fernando Barata da C.CAÇ 2700 que nos antecedeu no Dulombi, após um encontro com o nosso Ex-Furriel Manuel Rodrigues, em Coimbra, resolveu lançar um desafio absolutamente incrível que é conseguir reunir elementos das diversas companhias que passaram no Dulombi (CCAÇ 2405, CCAÇ2700, CCAÇ3491, 1ª Companhia do BCAÇ 4518/73).

O Repto foi lançado no blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné e pretende-se localizar elementos da 1ª CCAÇ do BCAÇ 4518. Caso algum camarada que nos leia pertenceu à mesma, deixe-nos o seu contacto.

Ficámos também a saber que em 1969, esteve no Dulombi, o 1º Gr.Comb. da CCAÇ 12.

Vamos saber desta malta para conseguirmos um almoço de são convívio.

Luís Dias