terça-feira, 10 de março de 2009

OPERAÇAO "ALMA FORTE"

Emblema do 2º Gr. Comb. da C.CAÇ3491 - Os "Lenços Azuis do Dulombi"

Faz hoje, 11 de Março de 2009, 37 anos (tanto tempo decorrido), que elementos da CCAÇ3491, pertencentes ao BCAÇ3872, que tinham chegado `a Guine em 24 de Dezembro de 1971 e ao Dulombi (Leste), em 24 de Janeiro de 1972, tiveram o seu primeiro contacto com os guerrilheiros do PAIGC.
Os “velhinhos” saíram do Dulombi em 10 de Março e, no dia seguinte, 11 de Março, o 2º e 3º Grupos de Combate, comandados respectivamente pelo Alf. L. Dias e pelo Alf. Farinha, reforçados por uma Sec. do Pel. Mil.288, iniciaram Operação "Alma Forte", com a duração de dois dias (Sábado e Domingo - fim de semana maravilhoso!), com a finalidade de reconhecer e armadilhar os pontos de passagem do IN no R. Corubalo.
A primeira parte do percurso decorreu sem problemas, mas depois de invertermos a marcha e pelas 18H30, quando parámos para descansar junto ao Rio Lemenei/Paiai Lemenei (a cerca de 20 km do Dulombi), uma zona de mato denso e arborizado, tivemos o nosso primeiro contacto com o IN, estimado em 40/50 elementos.
Nos primeiros momentos de troca de tiros houve alguma dificuldade na resposta ao fogo do adversário, que utilizava armas automáticas e roquetes/morteiros, em especial na utilização dos nossos morteiros e dos dilagramas, devido às condições adversas do local. Só quando conseguimos sair daquela mata e depois de lançarmos várias granadas de morteiro 60 mm, que terão atingido fortemente o adversário é que este iniciou a retirada, a coberto da noite que, entretanto, tinha caído.
Devemos salientar nesta emboscada a actuação do Furriel do 2ºGr Comb, Espírito Santo, o “Pira”, que fixou com a sua Secção o fogo inimigo, permitindo a saída do restante pessoal da parte densa da mata e a actuação do soldado At. Manga Camará (Guineense experiente), do 3º Gr. Comb., que tomando conta do morteirete de 60 mm, colocou-o à barriga (um feito difícil de acreditar para quem não viu) e disparou diversas granadas que mudaram o rumo dos acontecimentos (sentimos que o IN deixou de ripostar com a mesma intensidade). De salientar ainda a actuação do 1º Cabo, Amílcar Costa, também do 2ºGr.Comb, que, alertado por um camarada (o “Amarante”que foi o primeiro a avistar um elemento do IN e deu o alarme), viu esse guerrilheiro IN e foi o primeiro atirador da nossa companhia a efectuar fogo sobre os elementos inimigos, com a sua Met. Lig. HK21, só parando quando a mesma se encravou por problemas na fita alimentadora.
Do confronto resultou para o IN, pelos vastos vestígios de sangue encontrados, nomeadamente junto ao local onde fora avistado o guerrilheiro, pelo material diverso abandonado e pela rádio do PAIGC (que confirmou baixas, o que era raro, embora referindo que a nossa tropa tinha sofrido oito mortos), tiveram baixas não controladas e a apreensão de 11 granadas de RPG7 /RPG2, entre outro material e equipamento diverso. As nossas forças sofreram dois feridos ligeiros e a sorte de outros elementos terem recebido tiros que lhes atravessaram os cantis, os carregadores, as camisas ou dólmens....enfim uma grande sorte!!!
O reconhecimento feito posteriormente levou-nos a concluir que o IN estaria naquele mesmo local a descansar, possivelmente a preparar-se para ir atacar o nosso aquartelamento, tendo sido surpreendidos pela nossa chegada. Colhemos diversos ensinamentos do acontecido, que nos serviriam para o futuro em outras acções.
Esta acção mereceu das diversas cadeias de comando as seguintes referências elogiosas:
-Do Cmdt BCAÇ 3872 msg nº70/03:"Felicito êxito obtido. Transmita pessoal dessa minha satisfação";
-Do Cmdt CAOP2 (Agrupamento de Batalhões daquela área) msg nº952/0: "Felicito tão auspicioso começo";
-Do Cmdt Chefe -REP OPER msg nº984/C: "Cmdt Chefe felicita essa reacção à emboscada do In durante OP "Alma Forte", reveladora de determinação".
O 2º Gr.Comb, passou a utilizar como lema, posto no seu "crachat", o nome da operação que provocou o primeiro contacto com o IN - "Alma Forte".

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