segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

     Somos cada vez menos. Soube pelo camarada, José Pereira da Silva, o nosso "Grijó", do falecimento do ex-Soldado atirador de infantaria, JOAQUIM RIBEIRO CARNEIRO, que pertencia ao 3º Grupo de Combate da nossa companhia, que partiu hoje (23/12/2024). O funeral terá lugar amanhã, em Monte Córdova-Santo Tirso.
      Em meu nome e dos elementos da CCAÇ3491, apresento à família os sentidos pêsames e que o nosso companheiro esteja em paz. 


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

 BELISSIMA IMAGEM DE UM ÁRVORE NA GUINÉ-BISSAU

Foto de Gil Ramos (vestido com camisa amarela), da Missão Dulombi-Guiné - Dez 2024, com a devida vénia e agradecimento.


sábado, 7 de dezembro de 2024

 

Ontem, por convite do autor, tive o grato prazer de assistir no Palácio dos Marqueses do Lavradio, no Campo de Santa Clara, em Lisboa, ao lançamento do livro, “G3 A GRANDE ARMA NACIONAL”, de Pedro Manuel Monteiro, editado pela “Conta Corrente”, onde dei um pequeno contributo sobre as diferenças em combate entre a HK G3A3 e as Kalashnikov, nos modelos AK-47, AKM e outros modelos das mesmas fabricados por países do Bloco Leste e pela China, que apoiavam na Guiné o PAIGC, que se enfrentavam no meu tempo de combatente na Guiné (1971-1974).

Na presidência da mesa encontrava-se o Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, o Tenente-General, Paulo Emanuel Maia Pereira. Na assistência diversos oficiais generais, oficiais superiores, quer ainda no activo, quer na reforma e muitos civis, entre eles, antigos funcionários do extinto INDEP.

No discurso do Tenente-General, houve um momento em que foi referida a presença e foi aplaudido de pé, uma pessoa por quem tenho grande admiração, o Coronel Tirocinado Comando, Raúl Folques que, no meu tempo de Guiné, foi o Comandante do Batalhão de Comandos, cargo onde substituiu o então Major Almeida Bruno e que, como se sabe, fez parte da 1ª companhia de comandos formada em Angola e que é um dos heróis de Portugal.

Nos anos da Guerra de África a espingarda automática HK G3 (também designada de espingarda de batalha, devido ao calibre potente que utilizava - 7,62x51mmNATO - e no formato convencional), terá passado pelas mãos de perto de um milhão de portugueses e foi a arma que Portugal escolheu, a partir de 1961, para enfrentar os movimentos independentistas nas províncias ultramarinas, iniciando-se em Portugal a sua produção, sob licença da Alemanha (então RFA), em 1962, e a sua atribuição oficial às forças armadas a partir de 1963.

Foi esta espingarda, encimada no cano por um cravo, que se revelou um símbolo da Revolução de 25 de Abril de 1974, para toda a gente.

Após o fim da guerra em África, esta arma continuou a ser importante nas missões atribuídas às nosss forças armadas pela ONU ou no âmbito da UE, em diversas partes do mundo (Timor, Letónia, Roménia, República Centro-Africana, Moçambique, Guiné-Bissau, Somália, Mali, Afeganistão, Alemanha, Polónia  e Kosovo).

As fábricas FMBP e INDEP terão produzido 442 197 G3, entre 1963 e 1988, segundo Relatórios de Contas destas fábricas referidos no livro em apreço e  que serviu no nosso país por cerca de 60 anos, estando a ser substituída no Exército pela FN SCAR, modelo L e H e na Armada pela HK416. A G3, em conjunto com o mosquete “Brown Bess” de 1808, é arma recebida em maior quantidade pelo Exército Português, bem como uma das que é usada há mais tempo.

A G3, era e é uma excepcional arma de guerra, com um projéctil poderoso – o 7,62x51mmNATO, que depois de ter sido trocado pelo calibre 5,56mmNATO, está novamente a ser recuperado, para novas gerações de espingardas de batalha e que tinha um som característico e forte que dava confiança a quem a usava. A G3 necessitava de alguns cuidados na limpeza (cabeça da culatra), mas em geral trabalhava bem, mesmo nas condições adversas em que foram utilizadas em África. Tinha o senão de ser uma arma grande e pesada para o tipo de guerra de guerrilha que enfrentávamos, mas também tinha um alcance útil superior às armas do inimigo e era também mais estável e precisa no tiro que as armas adversárias. O seu depósito de munições tinha uma capacidade inferior ao da kalashnikov mas, por outro lado, tinha um perfil mais baixo, evitando que o utilizador se elevasse demasiado, quando na posição de deitado, diminuindo significativamente a silhueta e, ao contrário da kalashnikov que possuía um carregador curvo e comprido, não tinha necessidade de se torcer para introduzir um novo carregador na arma. Também o comutador do tiro era mais simples de utilizar do que da arma preferencial rival e era silencioso, ao contrário do da AK-47 e AKM que faziam ruídos de clic, na movimentação para tiro a tiro e para fogo de rajada, o que no mato podia fazer a diferença.

O mecanismo operativo da espingarda automática HK-G3, apresentado em 1959 na então RFA é originário e semelhante ao da StG45 (Mauser) alemã, de 1945 e da CETME espanhola de 1952. O seu funcionamento é por inércia, actuando os gases sobre a superfície interna do invólucro e a culatra retarda a sua abertura (“Roller-delayed blowback”) pela acção conjunta dos roletes de travamento (alojados na cabeça da culatra), da massa da culatra e da mola recuperadora. O percutor está alojado no interior do bloco da culatra, dando-se a percussão pela pancada do cão (existente ao nível do gatilho) sobre a cauda do percutor. A alimentação é garantida pela mola do depósito (carregador). O extractor de garra, situado na cabeça da culatra, efectua a extracção da cápsula detonada no movimento de abertura da culatra e a ejecção dá-se quando a base da mesma encontra (ao nível do punho), um ejector de alavanca. Após o consumo das munições do depósito, a culatra não fica retida à retaguarda, como na FN FAL.

No tempo da Guerra de África, era conhecido o “amor” entre o combatente e a sua G3, apelidando-a, de “namorada”, a “minha querida”, a “minha amada” ou também por algum nome feminino de alguma mulher pela qual estivessem encantados. De facto, a maior parte dos militares dormiam com ela sempre ao lado, fosse no mato ou no quartel. Outros, fotografavam a arma e colocavam os dizeres “devo-te a vida”.

Luís Dias  


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

🙏 


Lamentamos informar que faleceu o nosso camarada ANTÓNIO AUGUSTO PINTO MELRO (Ex-1º Cabo Atirador de Infantaria, da CCAÇ3491).  O seu corpo foi inumado ontem, Domingo, dia 17 de Novembro de 2024, no cemitério de Sabrosa, donde era natural. 

Em meu nome pessoal e em nome de todos os camaradas da nossa companhia, envio as nossas sentidas condolências à família e amigos. Que possa a sua alma estar em paz. Até um dias destes caro amigo.




segunda-feira, 28 de outubro de 2024

 E BAFATÁ NOS DIAS DE HOJE (OUTUBRO DE 2024), 

RUA PRINCIPAL
PRAÇA PRINCIPAL
CAIS DE BAFATÁ (TEM HAVIDO ENCHENTES)
O ANTIGO MERCADO (PARECE QUE PARA ENTRAR SÓ DE BARCO!)
OUTRA FOTO DO ANTIGO MERCADO

Fotos obtidas, com a devida vénia, do Blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné", e conseguidas por um camarada, Patrício Ribeiro, que anda em passeio pelo Leste da Guiné.







domingo, 29 de setembro de 2024

 VERGONHAS E INCONGRUÊNCIAS QUE NOS FICAM MAL

 26/09/24 

 “El Cubano” 

 Letra do Capitão “Comando” D. Almeida,        

Música de “Cuando Sali de Cuba”     

 Cubano que vieste 

 Para a Guiné dar instrução, 

 Tu que andas sozinho

 Pelo caminho da perdição

 Porque viestes de Cuba 

 Para a "pachanga", para o canhão, 

 Pensa que na Guiné 

Fica enterrado teu coração. 

Cubano, pensa bem, Deixa esse alguém que te fez vir 

Vives dentro do mato, tal como um rato, 

Sempre a fugir… 

Cubano vai-te embora 

E, sem demora, foge daqui 

“Gosse”, põe-te no “piro”, 

O próximo tiro pode ser para ti. 

Sei que tu queres brigar, 

Vou-te avisar; não faças desmandos! 

Agora aí vão, Páras e Comandos. 

O Tenente-coronel do Serviço - Geral Pára-quedista João de Bessa – português modesto e humilde, apenas conhecido dos seus camaradas e amigos - faleceu no pretérito dia 13 de Setembro, em Carcavelos, onde vivia. Este militar, disciplinado e bem formado, a quem não se conheciam vilanias, nasceu na povoação de Real, Amarante, em 10 de Novembro de 1932, ainda serviu comigo na Academia da Força Aérea. Aqui fica a homenagem. 

O João de Bessa integrou o 1º curso de paraquedismo militar que houve em Portugal, no então batalhão de Caçadores Paraquedistas, em 1957. Possuía o brevet nº 207. Passou á reforma em 1996, no posto de Tenente-coronel, a que tinha ascendido, em 2 de março de 1982. 

O então Capitão Bessa ficou para a História por, estando a comandar uma companhia de pára-quedistas (o que era muito raro acontecer com um oficial não oriundo da Academia Militar), do BCP  nº 12, aquartelado em Bissau, ao efectuar uma operação no sul da então Província da Guiné, ter emboscado um forte grupo inimigo, tendo sido capturado um “guerrilheiro” de tez branca, que veio a ser identificado mais tarde, como cubano. 

Recuemos a Novembro de 1969. 

1. Depois de informações recolhidas que um grupo inimigo, que estava operando rampas de foguetões de 122mm, na região de Guilege, ia entrar no nosso território, entre os dias 17 e 18 desse mês, o comando-chefe decidiu empenhar as Companhias de Pára-quedistas 121 e 122 e lançar a operação “Jove”. Deste modo saíram de Bissau a 16 e 17 de Novembro, com destino a Aldeia Formosa as citadas companhias, com todo o equipamento necessário para emboscar as forças do PAIGC.

2.  Helitransportados para a zona da acção os diferentes grupos de combate dos “páras” progridem para as áreas de emboscada pré-determinadas. A mata é densa e as tropas pernoitam no seu seio e continuam a sua progressão no dia seguinte. Montada a emboscada, logo aparecem dois indivíduos, um branco e um negro, nas imediações das forças da companhia 122, do comando do Capitão Bessa. Este, quando entendeu oportuno, deu ordem de fogo ao apontador da metralhadora MG-42, 1º Cabo Regageles. O guerrilheiro negro é imediatamente abatido, enquanto o segundo é ferido com gravidade e arrasta-se em fuga. Iniciada a perseguição é capturado. O Capitão Bessa impede que seja abatido, é tratado pelo enfermeiro e depois evacuado de helicóptero para o Hospital Militar de Bissau. O oficial fez bem em não o deixar abater pois veio a ser um valioso “troféu de guerra”, além de ter praticado um acto de humanidade.

3. Dados recolhidos em artigo do Coronel Martinho Grão, Revista “Boina Verde”, nº 212, de Setembro de 2005, pág. 40. 2PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, nessa altura liderado por Amílcar Cabral. 3Mais tarde o prisioneiro veio a declarar ter ficado admirado por lhe terem poupado a vida, em entrevista ao jornalista norte-americano Biel Wright, representante em Lisboa da “United Press International”. 

4.  De facto, veio a verificar-se tratar-se do Capitão do Exército Cubano Pedro Rodriguez Peralta, pertencente ao Partido Comunista Cubano e que tinha combatido ao lado de Fidel de Castro, na Sierra Maestra, aquando da revolução cubana de 1959. Tinha recebido guia de marcha para Conakri, na República da Guiné, a fim de ser instrutor dos guerrilheiros do PAIGC, que usavam aquele país e o Senegal, para se acoitarem e atacarem o território português da Guiné. 

5.  Foi a primeira vez que as Forças Armadas Portuguesas capturaram, feriram ou liquidaram, um elemento de um exército estrangeiro, quer na Guiné, como em Angola e Moçambique, o que era a prova provada do envolvimento estranho, nomeadamente de países comunistas – Cuba era na altura um país satélite da URSS – nas acções militares contra Portugal (e não contra o Estado Português). No que aliás eram acolitados por portugueses (felizmente poucos) indignos desse nome e cuja adjectivação adequada me fere os lábios e a alma. O Capitão Peralta acabou por ser transportado para Lisboa onde foi julgado em Tribunal Militar e condenado a pesada pena (presumo que se algo parecido tivesse ocorrido em Cuba, a pena seria o “Paredon”…). 

6.  Assim o encontrou o golpe de estado ocorrido a 25 de Abril de 74, que logo virou uma sucessão de actos tidos por revolucionários caóticos e, por gritaria da rua desvairada, e pressões de esquerdo-patas e comunistas (civis e militares), o pouco distinto Capitão Peralta foi libertado e, até, tratado por alguns, como “herói”. Fidel de Castro condecorou-o no seu regresso a Cuba (o que está conforme). Enquanto isso e passado pouco tempo, eram fuzilados de qualquer jeito, na Guiné, pelo PAIGC, muitos militares que tinham servido nas Forças Armadas Portuguesas, as quais tinham, entretanto, abandonado da forma mais indigna possível, aquele território português. Seis vezes secular. O silêncio sobre a morte deste combatente (o Tcor João de Bessa), como de resto sobre qualquer combatente português, mais ou menos ilustre, foi (e é) sepulcral. *****.

7. Passados uns dias, a 21 de Setembro, dia crismado (vá-se lá saber porquê) de “Dia Internacional da Paz”- dia instaurado pela ONU, em 1981, onde se devia observar 24 horas de cessar - fogo e não - violência (o que nunca foi observado) - decorreu em Lisboa, Av. Da Liberdade abaixo – coitada da Av. Da Liberdade, que tão mau uso têm feito do seu nome – uma manifestação (as pessoas passam a vida a manifestar-se, normalmente pelo que não devem), organizada por um obscuro “Movimento Negro”. (Este Dia Internacional da Paz foi “inventado” em contraponto ao “Dia Mundial da Paz”, proposto pelo Papa Paulo VI, em 8/12/1967, que seria, e é, comemorado no dia 1 de janeiro (que é uma espécie de feriado universal), sendo extensivo a todos e não apenas aos católicos, sento objecto de uma mensagem Papal em cada ano, relativo a um tema diferente). 

 8. A ideia principal desta “manif” parece ter sido homenagear um tal Amílcar Cabral, dirigente e fundador do acima citado PAIGC, que este ano completaria 100 anos de vida. E lembra-se já que tal personagem mestiço, filho de pai cabo-verdiano e mãe guineense, foi assassinado, em 20 de Janeiro de 1970, em Conakri, por elementos do próprio partido, o que nunca foi devidamente esclarecido por este, apesar de tal ter originado uma depuração, que liquidou cerca de 200 elementos do mesmo. A manifestação “quer” associar o nome de Amílcar Cabral às comemorações do 25 de Abril de 1974 e aproveitou a ocasião para lançar diatribes e denúncias contra o racismo e a xenofobia e reivindicar “direitos” de que os manifestantes se julgam credores (curioso notar como o próprio nome “movimento negro” nada terá obviamente a ver com racismo e xenofobia…). À manifestação associou-se um partido político, pouco português, normalmente defensor de teses, ideias e ideologia absolutamente intragáveis e nefastas. A manifestação apesar de contar com poucos elementos (sempre disfarçada de “muitos”) teve ampla cobertura mediática, pelas mesmas razões que este escrito e assinado, não terá. Sejamos claros, sintéticos e objectivos: Amílcar Cabral foi um cidadão português, formado em Lisboa, com uma bolsa de estudo governamental, aboletado na “Casa do Império”, que virou marxista e resolveu repudiar a sua sociedade; levantar armas contra as autoridades do Estado e população, e trair a Nação, tentando a secessão de uma parte do seu território, nomeadamente a Guiné e Cabo Verde, conjuntamente, o que logo se desmoronou – por razões que não vou dilucidar – após o 25/4. 

 Ponto final. Que alguém fora do actual Portugal goste e queira homenagear o homem, é livre de o fazer se o deixarem. Que possa ser considerado herói em Cabo Verde ou na Guiné, admito. Agora que andem a homenagear na minha “casa”, um ex-concidadão que virou terrorista da Bandeira Nacional Portuguesa e contra o qual tivemos de lutar durante 10 anos é que ultrapassa todos os limites da decência e do despautério. Estas manifestações devem ser proibidas e o estranho “Movimento Negro”, onde também aparenta haver “branquelas”, investigado; o Estado Português tem que se dar ao respeito e não se portar como sendo uma “República das Bananas”. Finalmente os portugueses que restam devem ter alguma vergonha na cara. 

 João José Brandão Ferreira Oficial Piloto Aviador (Ref.) (indignado e envergonhado)

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

 





Faleceu hoje o Tcor SG PQ João de Bessa, O Oficial que, com o posto de Capitão, comandou a pequena força de Páraquedistas, que capturou o Capitão do Exército Cubano, Pedro Peralta na Guiné. Condecorado com uma Cruz de Guerra 1.ª Classe e Serviços Distintos de Prata com Palma.

Em 17 de Novembro de 1969, a Operação “Jove”, com 50 páras, comandados pelo Capitão João Bessa, com vista capturar o comandante da Zona Sul do PAIGC, Nino Vieira, na zona do “Corredor da Morte”. Nesta acção, em vez do Nino Vieira, que se encontrava noutra zona, foi ferido e capturado, o Capitão do exército cubano, Pedro Rodrigues Peralta, que só viria a ser libertado da prisão em Lisboa, após o 25 de Abril, depois de ter sido condenado em Tribunal Militar a 10 anos de cadeia.