Cumpre-me o doloroso dever de participar a todos os camaradas da CCAÇ3491 e do BCAÇ3872, o falecimento do Capitão Miliciano de Artilharia, FERNANDO DE JESUS PIRES, falecido ontem, dia 11 de Janeiro de 2024, no Hospital de Cascais. O funeral terá lugar no próximo domingo pelas 11H00, saindo da Igreja paroquial de S. João e S. Pedro, para o Cemitério do Estoril. Em meu nome pessoal e de todos elementos da companhia enviei aos filhos os sentidos pêsames e o desejo que descanse em paz.
Na foto e ao centro o nosso capitão com o General Spínola, na inauguração do Aquartelamento do Dulombi, em Abril de 1972, Guiné.
Perder um companheiro que esteve connosco na guerra, mas especialmente alguém que era um bom amigo é imensamente doloroso. Fui hoje informado por um dos seus filhos, que o Engº FERNANDO PIRES, ex-Capitão Miliciano de Artª, que comandou a CCAÇ3491, pertencente ao BCAÇ3872, faleceu ontem, dia 11 de Janeiro, no Hospital de Cascais, aos 81 anos, devido a problemas respiratórios.
Antes do Natal, tinha falado com ele ao telefone e tínhamos combinado encontrar-nos no fim deste mês,
pois ainda estava em convalescença de uma intervenção cirúrgica melindrosa.
A história militar deste meu amigo é um "produto" daqueles tempos em que estávamos em três frentes de Guerra. O meu amigo esteve no Serviço Militar Obrigatório, em 1963, com a idade normal com que se era "chamado" e serviu o percurso normal de um oficial miliciano da especialidade de artilharia e teve a sorte, pensava ele, de não ter sido mobilizado para o Ultramar. Terminado o seu tempo de serviço, voltou à sua vida civil, trabalhava na EFACEC, namorava e tinha a sua vida organizada e um futuro promissor. Contudo, em 1971, foi "re-pescado" para ir para a Escola Prática de Infantaria - Mafra, tirar o Curso Para Capitães (CPC) e mais tarde vir a ser mobilizado para a Guiné a comandar uma companhia de caçadores, jovens "chavalos", onde, a seguir ao 1º Sargento Gama, era o mais velho, com cerca de 30 anos e eu o "puto" mais novo.
O Capitão Pires dirigia uma companhia (cerca de 150 elementos), também 2 pelotões de milícias e era responsável por 250 elementos da população que viviam numa Tabanca anexa ao nosso aquartelamento, isto no Dulombi-Leste da Guiné. Foi o nosso comandante entre 18 de Dezembro de 1971 e 4 de Abril de 1974 e dirigiu a companhia com competência e elevado brio profissional, sem nunca deixar de ser um excelente ser humano. Soube das dificuldades que era comandar tanta gente, pois eu próprio fui comandante da mesma, nas suas ausências e férias, o que me foi muito útil, quando fui nomeado comandante do CIM de Bambadinca, em Agosto de 1973.
Depois de terminada a nossa comissão e seguindo cada um o seu rumo, encontrávamo-nos, de quando em vez, mas após o 1º Convívio da companhia, realizado no então R.I. nº2, em Abrantes, donde partíramos para a Guiné, almoçávamos muitas vezes e íamos aos convívios juntos.
Na foto, em 1º plano, o Capitão Pires, com o General Spínola, estando eu em 2º plano, no dia da inauguração do nosso quartel em Abril de 1972.
Caro amigo Fernando Pires, que descanses em paz e até um dia destes, para voltarmos a falar da amizade que nos uniu nesta "vida".
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