Faz hoje 42 anos (1-12-972- Sexta-Feira) que, pelas 22H00, um forte ataque dos guerrilheiros do PAIGC se fez sentir à CCS do Batalhão 3872, colocada em Galomaro.
O IN efectuou a aproximação ao quartel pelo lado da estrada Galomaro-Dulombi, movimentando-se atrás de diverso gado que se encontrava espalhado não a muitos metros do arame farpado, efectuando um movimento em L.
Muitos dos elementos da CCS encontravam-se na zona da cantina, frontal donde o IN progredia, estavam descontraídos, desarmados, entretendo-se em amena cavaqueira, ou em jogos de cartas.
A sentinela que estava no posto em frente à zona do envolvimento inimigo, estava acompanhada de um camarada de outra companhia (o Pira Lourenço), o qual lhe chamou a atenção para a zona onde estava o gado por lhe parecer ver vultos junto aos animais e instou-o a efectuar disparos para essa zona. A sentinela estava com receio de que o comandante o castigasse por ter disparado e não o queria fazer, mas a insistência do outro foi forte e foram feitos disparos para a área onde avistavam os vultos.
Foi esta atitude, esta maneira de actuar, que deram o alarme, resguardando-se o pessoal, apagando as luzes, preparando-se para o pior. Aos segundos disparos já estava o pessoal suficientemente convencido que eram os "turras" (como se dizia naquele tempo), iniciando o IN o seu ataque, com recurso ao lançamento de roquetadas, rajadas de metralhadoras ligeiras e de outras armas automáticas.
Junto ao abrigo dos enfermeiros estava uma posição do morteiro 81mm, onde o André António, juntamente com outro camarada, também enfermeiro, depois de sair por uma das frestas do seu abrigo, preparou e lançou de imediato uma granada em direcção à zona do IN. Tal foi a pressa de responder que a 1ª granada foi com cavilha e tudo. No entanto, as outras que se seguiram foram eficazes e caíram na zona deles, obrigando-os a retirar.
Este foi o 1º e único ataque que a sede do batalhão sofreu, que só não teve o sucesso que o IN esperaria (ao determinar-se a um ataque tão perto já da área do arame), pela atenção da referida sentinela e à reacção dos elementos da companhia, em especial do duo de enfermeiros que operaram com um dos morteiros 81mm.
Houve diversas moranças destruídas da Tabanca da população com feridos ligeiros, mas no quartel, para além de diversos danos materiais, causados pelas explosões dos roquetes e pelos tiros das armas automáticas, que deixaram diversas marcas nas estruturas, não houve danos pessoais a lamentar.
O IN deverá ter sofrido feridos graves face ao sangue encontrado e deixou no itinerário de retirada um guerrilheiro morto, que tentou enterrar de forma rudimentar. O morto, pelos elementos encontrados, era um enfermeiro dos atacantes. A ironia é que fora atingido por uma granada de morteiro que havia sido lançada pelos nossos enfermeiros.
Esta acção do IN veio alterar o dispositivo do batalhão, após visita ao Dulombi do General Spínola, com o envio de um Grupo de Combate (4º) logo em Janeiro para reforço de Galomaro e em 9 de Março, com a restante companhia, na altura comandada pelo Alferes Luís Dias, deixando no Dulombi 13 elementos, comandados por um Furriel (Gonçalves do 2º GC) e 2 pelotões de milícias.
Trago aqui as palavras do 1º Cabo Juvenal Amado, sobre esse dia:
"Foi o culminar de 15 dias terríveis para Galomaro. No dia 15 de Novembro perdemos o Teixeira na estrada do Saltinho (mina). No dia 24 morre o Alferes Mota e no dia 1 tivemos este "festejo" da Restauração".
Obrigado ao Russo, ao Lourenço pira ao Pinto e ao soldado africano que estava ao pé do paiol. Mas acima de tudo a sorte. Eu estava a jogar ás cartas na cantina quando o Lourenço deu os primeiros disparos e quando deu os segundos já eu estava no meu abrigo a apertar as cartucheiras com o Caramba( infelizmente já falecido) a a gozar comigo. O ter feito fogo do meu abrigo valeu-me uma roquetada!".
Na foto acima o morteiro 81 que salvou a situação
O posto da metralhadora MG42 e por trás o abrigo do Juvenal, vendo-se perfeitamente o buraco feito pela roquetada
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