VETERANO DE 89 ANOS REGRESSA AO LAR, APÓS FUGA PARA IR ASSISTIR ÀS COMEMORAÇÕES DO DESEMBARQUE NA NORMANDIA (6 DE JUNHO DE 1944)
"AH, VALENTE!
Houve uma história de uma pessoa comum que dominou as notícias sobre as comemorações do Dia D — a de um veterano britânico da II Guerra que fugiu do lar de idosos onde reside para ir assistir às comemorações do desembarque na Normandia.
Bernard Jordan voltou, este sábado, ao lar de Hove, East Sussex, temendo pelo menos um raspanete por ter desaparecido e levado até a uma operação policial no seu encalço.
“Diverti-me, em cada minuto. Ainda bem que o fiz. Voltaria a fazê-lo”, disse ao desembarcar do ferry em Portsmouth na viagem de regresso a casa. Aliás, planeia voltar à Normandia no próximo ano.
Os funcionários do lar tinham tentado, sem sucesso, conseguir um lugar para Jordan num grupo da legião britânica para as comemorações do 70.º aniversário do Dia D.
Jordan decidiu ir, ainda assim. A sua mulher Irene, acrescentou, sabia da viagem e apoiou-o. Vestiu o seu melhor fato, com as medalhas que ganhou. Pôs uma gabardina por cima para esconder tudo. Apanhou um comboio para Portsmouth e aí encontrou um grupo de veteranos, apanhando uma boleia num ferry e seguindo com eles. A busca por ele estava em marcha quando um dos veteranos telefonou à polícia para dizer que estavam com Jordan e ele estava bem. A empresa que opera o ferry diz agora que ele terá viagens grátis para a Normandia sempre que quiser ir.
Quando chegou ao lar no sábado, ao sair do táxi, o pessoal recebeu-o cantandoFor he’s a jolly good fellow. Jordan, de 90 anos, “é independente, pode ir e vir quando quiser”, disse o lar. “Não houve nenhuma tentativa de impedi-lo de ir.”
Jordan tinha 19 anos e era um oficial na Marinha quando se deu o desembarque na Normandia. O seu navio fazia parte de uma flotilha de 6939 embarcações para levar milhares de tropas e equipamento até ao norte de França, disparando contra os alemães que alvejavam os soldados aliados que desembarcavam nas praias.
E antes tinha participado na chamada batalha do Atlântico, quando os navios britânicos tinham de evitar os submarinos alemães para conseguirem abastecer-se. Uma vez, a equipa de Jordan conseguiu forçar um submarino alemão a vir à superfície, e capturaram a máquina Enigma que os alemães usavam para codificar as mensagens (quando os aliados conseguiram descodificar o código, ganharam uma vantagem que se acredita que lhes permitiu vencer a guerra mais cedo).
Após a guerra, voltou e casou-se com a sua namorada de sempre, Irene. Por causa dela, que tem a mobilidade mais reduzida, é que o casal vive num lar.
Foi político, como conselheiro local em Hove e depois como presidente da câmara, entre 1995 e 1996, sempre pelo partido conservador (descreveu que um dos momentos em que se sentiu mais orgulhoso foi quando conheceu Margaret Thatcher). Mas, em 2000, juntou-se aos trabalhistas, impressionado com Tony Blair.
“Gostava de agradecer a todos as suas palavras amáveis depois da minha viagem à Normandia. Nenhuma imaginei que causasse tanta confusão. Estou muito feliz por estar em casa com a minha mulher”, disse, já chegado ao lar, com os jornalistas à porta.
Sem comentários:
Enviar um comentário