domingo, 11 de março de 2012

DIA 11 DE MARÇO DE 1972 - O PRIMEIRO CONTACTO COM O IN




FAZ HOJE 40 ANOS QUE ELEMENTOS DA CCAÇ 3491 TIVERAM O PRIMEIRO CONTACTO/EMBOSCADA COM OS GUERRILHEIROS DO PAIGC.

Os velhinhos da CCAÇ 2700 saíram do Dulombi em 10 de Março de 1972, para iniciarem o regresso à metrópole. No dia seguinte, um sábado, o 2º GC (comandado pelo Alf. Dias, o 3º GC(comandado pelo Alferes Farinha)e uma secção do PEL MIL 288, iniciaram a operação "Alma Forte", em direcção ao Rio Corubalo, que seria para durar 48 horas (o fim de semana todo). Depois de terem atingido o objectivo, a força militar iniciou o trajecto para a zona da tabanca abandonada de Paiai Lemenei, passando pela mata densa do rio Lemenei. Após um contacto rádio com a sede da companhia, seriam perto das 18h00, ouviu-se um grito de "Turra!Turra!" e duas rajadas de metralhadora. Num primeiro tempo, os milícias gritaram que não era o inimigo, e ficámos em alvoroço e alerta máximo,mas após alguns segundos de calmia, rebenta um intenso fogo sobre nós, quer de armas automáticas, quer de granadas de morteiro e de roquete. O local era bastante arborizado e com mata densa, pelo que os disparos de LGF, de morteiro e de dilagramas em resposta eram impossíveis. Foi necessária a saída do local até uma clareira,para daí poderem ser utilizadas as armas de apoio, tendo ficado uma das secções do 2º GC a fixar o fogo inimigo.
Foi importante a acção de um experiente militar africano (Manga Camará) que colocou o morteirete 60 mm à barriga e lançou pelo menos dois projécteis que caíram na zona de onde o IN efectuava o seu ataque, obrigando-os a iniciar a retirada, abandonando no local diverso material que foi apreendido e pelos muitos vestígios de sangue, com muitos feridos.
De destacar que o dispositivo do IN estaria a ser montado para nos atacar quando um dos guerrilheiros foi avistado por dois elementos do 2º GC, (o sold. "Amarante" e o 1º Cabo Amílcar, que o alvejou com 2 rajadas da sua met. lig HK 21), também a acção do Fur. Espírito Santo que aguentou a primeira iniciativa dos guerrilheiros com a sua secção, dando tempo a que os restantes elementos saíssem da mata densa e pudessem usar as armas de apoio e tendo sido fundamental a reacção do sold. Manga Camará, com a manobra do morteirete à barriga (coisa que não mais voltei a ver ninguém fazer), que colocou um par de granadas na zona principal onde o IN estava instalado.
A reacção à emboscada mereceu elogios do Cmdt. do Batalhão, do Cmdt do CAOP 2 e do próprio Cmdt-Chefe, General Spínola.
O rádio do IN referiu-se também a esta emboscada, dizendo que havíamos sofrido oito mortos e diversos feridos e que lamentavam também terem sofrido baixas (o que era raro dizerem).
Em resultado do contacto houve dois feridos ligeiros, mas muitos elementos com tiros nos cantis, nas cartucheiras, nas fardas, uma sorte danada.
O 2º GC passou a usar no seu emblema o nome da operação "Alma Forte".

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