sábado, 14 de janeiro de 2012

O FOGUETÃO 122mm BM-21 GRAD

O FOGUETÃO 122mm BM-21 GRAD

Documento remetido para o blogue do Luís Graça e Camaradas da Guiné, sobre esta arma.

Caros Camaradas

Embora este tipo de armamento não seja propriamente da minha especialidade desejo dar este pequeno contributo, retirado de elementos colhidos na net.
O lançador de foguetes Katyusha é uma arma de artilharia (lançador de foguetes múltiplos) desenvolvida e utilizada pelo Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1941 Foi apelidado na época de "Órgão de Estaline" pelas tropas alemãs (em alemão: Stalinorgel) em referência ao dirigente soviético com o mesmo nome. Já o nome Katyusha foi dado pelo Exército Vermelho retirado de uma música famosa durante o período da guerra, que contava a história de uma jovem russa (Katyuhsa, diminutivo russo para Catarina) cujo namorado estava longe em virtude da guerra. Os lançadores múltiplos eram colocados em diversos tipos de viaturas (camiões e até tractores), para mais facilmente serem deslocados.
O desenvolvimento dos foguetes lançados por artilharia na URSS iniciou-se em finais dos anos 40, a fim de se substituírem ou complementarem os Katyusha de 82mm, 132mm e 300mm, da IIª GM. A fábrica estatal situada em Tula, sob a liderança de A. Ganichev, apresentou o foguete/foguetão (míssil) no calibre 122mm, em 1963, denominado 122mm BM-21 GRAD. Ao longo de 1964 foram produzidos diversos tipos desta série, montados em camiões e outros veículos de vários tipos e dimensões, com diversos conjuntos e combinações de lançamento múltiplo. Também foi fabricado o foguete/foguetão 9P132/BM-21-P, no calibre 122mm (mais curto que o modelo standard), a ser lançado por um único tubo – o lançador 9M28/DKZ-B (embora também pudesse ser usado por um multi-tubo).
O modelo standard é composto por uma cabeça (ogiva) explosiva de alta fragmentação (havia apontamentos no Exército Português que referiam que a cabeça se fragmentava em 14 000 estilhaços), um corpo em aço e um motor eléctrico de propulsão situado na cauda. A estabilização durante o voo é conferida por 4 aletas estabilizadoras, situadas na parte de trás do foguete que quando completamente abertas atingem os 226mm. A cabeça contém 6,4 Kg de explosivo e o detonador é armado por inércia, após percorrer entre 150 a 400 m. Podem ser aplicadas outro tipo de ogivas (químicas, fumos, incendiárias). O motor consiste em 20,5 Kg de um propelente sólido. O peso total do foguete varia entre os 49,4 Kg e os 66 Kg e o seu comprimento entre os 2, 46 m e os 3, 22 m, também o seu alcance varia entre os 10 900 m e os 20 750 m. O míssil é reconhecível pelos sete tubos de descarga propulsora existentes na cauda.
Os tubos para lançamento eram de alma lisa, contendo, no entanto, uma ranhura, onde ficava encaixado um perne localizado no corpo do míssil (junto à zona das aletas), que imprimia, aquando do disparo, um movimento de rotação ao foguetão, originando a abertura das aletas por inércia e conferindo a estabilização de voo ao míssil.
Sabemos que a arma (original) não era muito precisa e era necessário o emprego de muitos foguetes para que a sua eficiência fosse assinalável. No entanto, tinha um impacto psicológico enorme face ao volume e intensidade de som produzido aquando das múltiplas saídas dos tubos.
A arma Katyusha era originalmente a denominação para os foguetões utilizados pelos multi-lançadores, que eram transportados em diversos tipos de camiões. Depois da guerra, os soviéticos aperfeiçoaram estes multi-lançadores, com o surgimento do míssil 122mm BM-21 GRAD, colocados em viaturas diversas e com diverso número de tubos. Aperfeiçoaram também um míssil portátil, na origem do anterior, mas ligeiramente mais curto, com o mesmo calibre, com a denominação 9P132/BM-21-P, que era lançado pelo uni-tubo 9M28/DKZ-B e era este o míssil mais utilizado nos ataques por foguetões na Guiné, pelo menos dentro do território, tendo sido, inclusive, capturadas diversas rampas de lançamento do tipo referido, conforme diversas fotos existentes (CCAÇ4740, 72/74 – Cufar).
Hoje, o uso de lançadores múltiplos de mísseis encontra-se difundido pela maior parte dos exércitos de todo o mundo.
De facto, a denominação Katyusha foi atribuída aos mísseis do tempo da IIª GM, que usavam vários calibres e eram transportados em camiões, mas tornou-se usual utilizar este nome, como “nick name”, a alcunha, para os foguetões usados em multi-lançadores, mesmo os fabricados por outros países.
Na Guiné, sempre usei a terminologia foguetão 122mm, quando me referia a esta arma (o IN usou-a na nossa zona, depois de passar entre a área de Cancolim e Dulombi e atacou Bafatá em Agosto de 1972, embora sem grandes prejuízos(#)), mas ouvi, também, muita gente referir-se como foguetão do tipo katyusha. No entanto, do que li, a terminologia katyusha é usada, unicamente, para os mísseis usados em lançadores múltiplos.
Espero ter dado uma ajuda sobre este tema.
Um abraço
Luís Dias
(#) Devido ao facto de haver um forte empenhamento do IN na zona do Batalhão, foi lançada uma operação pela CCP 121, a 2 GC, na área entre Cancolim e Dulombi, vindo a detectar um grupo inimigo estimado em mais de 100 elementos que, após apoio aéreo e dos roquetes disparados por um Fiat G91, dispersou, batendo em retirada. O Cmdt do grupo dos páras (Sargento) veio a ter problemas disciplinares por não ter atacado o IN, tendo preferido chamar a FA e retirado. O IN ter-se-á reagrupado e terá sido responsável pelo ataque a Bafatá com o uso de foguetões 122mm (Em Agosto de 1972).


O FOGUETÃO 122mm BM-21 GRAD

O LANÇADOR UNI-TUBO 9M28/DKZ-B, para os FOGUETÔES BM-21 GRAD, de 122mm

Fotos colhidas do blogue:http://www.blogueforanadaevaotres.blogspot.com/, com a devida vénia e agradecimento.

Sem comentários: