Caros Camaradas e Amigos
O Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné referenciou a morte de Cecília Supico Pinto, Presidente do Movimento Nacional Feminino, ocorrida a 25 de Maio de 2011, num post que, com a devida vénia aos editores do Blogue e aos seus autores, decidi colocar aqui no nosso blogue, como singela homenagem a esta Grande Senhora.
Guiné 63/74 - P8350: In Memoriam: Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto, Presidente do Movimento Nacional Feminino (30 de Maio de 1921 - 25 de Maio de 2011) (Teresa Almeida / José Martins)
A propósito do falecimento, no dia 25 de Maio passado, da fundadora do Movimento Nacional Feminino, D. Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (Lisboa, 30 de Maio de 1921 - 25 de Maio de 2011), publicamos dois depoimentos, um de autoria da nossa amiga tertuliana Maria Teresa Almeida e outro do nosso camarada José Martins.
Hoje dia 31 de Maio de 2011, ao abrir o "site" UTW, li a triste notícia do falecimento da Sra. D. Cecília Supico Pinto*, grande Senhora, que lutou e deu a cara, por um ideal, o bem-estar dos nossos Soldados, tão jovens , e longe das suas Famílias, se encontravam numa guerra em defesa deste País. Estou muito abalada.
D. Cecília Supico Pinto foi a Mãe, mas sobretudo a Amiga, para todos os Combatentes que privaram com ela. Colocou em risco a sua própria vida, e uma das vezes teve um acidente em pleno mato, que ao longo da vida lhe trouxe grandes problemas de saúde. Era uma Mulher sem medos, determinada, fosse em lugar de risco, ou não, era preciso levar AMOR àqueles JOVENS.
Visitou os três Teatros de Guerra e a todos os Combatentes, levava, sempre, um carinho, um sorriso, uma lembrança. Os afectos que era tão preciosos, naqueles momentos. E ela estava sempre presente, no meio dos nossos Rapazes.
Como Presidente do Movimento Nacional Feminino*, editou o AEROGRAMA, tão conhecido de todos nós, para facilitar a correspondência entre os Combatentes, e seus familiares.
Tive o privilégio, de a conhecer e de falar a "D. Cilinha", falava-me sempre da Guerra, e dos "seus Meninos", que tinha feito tudo, por eles, com muito Carinho e Amor.
Tenho a certeza, que no seu eterno descanso, junto de Deus, tem junto de SI, os Combatentes do Ultramar - "OS SEUS MENINOS". Não posso, nem devo esquecer, os meus sentimentos por esta Grande Senhora, que faz parte integrante da GUERRA DO ULTRAMAR.
Tinha tanto para dizer... mas. Foi muito agradável falar e conviver com a Sra. D. Cecília Supico Pinto. Já sinto a sua AUSÊNCIA.
Assim, quero, deixar aqui, o meu profundo sentir pelo falecimento desta tão GRANDE SENHORA
A todos os Combatentes, deixo também o meu profundo sentir, pela notícia
A TODOS QUE JÁ PARTIRAM, PARA JUNTO DE DEUS, E, ESTIVERAM NA GUERRA DO ULTRAMAR, A TODOS TENHO NO MEU CORAÇÃO.
ADEUS CILINHA
PAZ Á SUA ALMA
Da Amiga
Teresa Almeida
Há noticias que, por muito que sejam esperadas, de certa forma nos custam a aceitar, já que em nós reside um resquício de imortalidade.
Todos temos a “nossa hora”, não sabendo apenas, como e quando chega.
O texto abaixo, retirado (com a devida vénia) da Wikipédia, lembra-nos uma mulher que, independentemente das ideias que tinha, sendo coincidentes ou divergentes com a nossa, fez parte da nossa vida, quer pessoal quer colectiva.
À sua maneira, foi uma mulher que esteve na guerra, ajudando os militares e suas famílias, no momento em que mais necessitavam.
Não conheci a D. Cilinha. Conheço o que fez através da “visão alheia”. Usei os aerogramas, a forma mais fácil de comunicar com a família, noiva e madrinhas de guerra. Se mais não fizera. Era suficiente.
Para Cecília Supico Pinto, a nossa gratidão e o nosso respeito. É mais uma Portuguesa que parte, pouco antes de festejar os 90 anos.
Descanse em paz e, que cada um de nós a recorde de acordo com o seu sentimento e forma de pensar.
Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (Lisboa, 30 de Maio de 1921 — 25 de Maio de 2011)[1], conhecida popularmente como Cilinha, foi a criadora e presidente do Movimento Nacional Feminino, uma organização de mulheres que durante a guerra colonial prestou apoio moral e material aos militares portugueses. Nesse cargo atingiu grande popularidade e uma considerável influência política junto de Oliveira Salazar e das elites do Estado Novo. Visitou as tropas em África e promoveu múltiplas iniciativas mediáticas para angariação de fundos.
(Com a devida vénia à Wikipédia)
José Martins
Comentário deixado no Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné pelo Editor
Caros Camarigos
Saúdo a nossa Tabanca Grande e os seus editores por terem a sensibilidade para não ignorarem esta notícia, prestando homenagem a esta Senhora.
Satisfaz-me pensar que todos os que aqui disseram de sua justiça, o fizeram porque sentiram que aquela mulher, em muitos momentos, mesmo correndo risco de vida, foi, com a sua presença, uma voz amiga dos combatentes portugueses em África.
Que Deus a guarde e dê paz à sua alma.
Luís Dias
terça-feira, 31 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
AGRADECIMENTO
O Ex-Alferes Mário Vasconcelos responsável pelas TRMS do Batalhão
O Camarada Mário Vasconcelos colocou uma msg no Grupo de Galomaro (Facebook), sobre o nosso Convívio e que com a devida vénia publico aqui em seguida:
"O tempo leva... o tempo traz...; Foi uma grande alegria ter-vos reencontrado ao fim de tantos anos. Como se compreenderá não conheço muitos dos bons camaradas que se costumam reunir. No entanto dá para ver e sentir, o bom ambiente que se desfruta. Ao 2º CMDT, Coronel Moreira Campos, pelo que foi e continua a ser, os meus votos de saúde e felicidade. Aos outros, Dias, Parente,Soares, Rodrigues, enfim ,a todos vós, o meu muito obrigado pela confraternização que me estenderam e que fico a dever muito por dentro."
Mário Vasconcelos
domingo, 22 de maio de 2011
12º CONVÍVIO DA CCAÇ3491 - AVELEDA-LOUSADA-MAIO 2011
No passado dia 21 de Maio, reuniu-se em Convívio comemorativo do 37º Aniversário do regresso à Metrópole, a C.CAÇ. 3491, após 27 meses e meio de ter gasto muito suor, muitas lágrimas e de ter vertido algum sangue (felizmente não muito), a palmilhar os trilhos, matas, bolanhas e picadas, daquelas terras quentes da Guiné. Como diziam os seus elementos: "VALOROSA companhia que tanto percorreste!" e cujo lema foi: "É MUITO...!" que sempre foi levado a sério. Foi tudo muito! Muita fome, muita sede, muito calor, muito trabalho, muito mosquito, muita mosquinha, muita abelha, muito macaco, muita cobra, muita formiga, muito lacrau, muita operação, muita emboscada nocturna, muita noite perdida no mato, muita caminhada, muita escolta, muita segurança, muita chuva, muita seca, muita picagem e muito tempo de comissão!!!! (e vá lá, muita bajuda gira!).
O encontro teve lugar em Aveleda - Lousada e foi organizado pelo Ribeiro (o homem que nos dava cabo do cabelo, sem parcimónia). Tudo correu a contento e a felicidade do reencontro entre camaradas é sempre um ponto alto. Muitos levam as suas famílias, onde já se incluem os netos. Um dos novatos neste nosso convívio foi o Ex-1º Cabo Atirador Avelino (1º GC), que já não via os seus camaradas há já 37 anos (!!!). Para não estar sozinho trouxe com ele o filho e os dois irmãos (tudo gente boa de Matosinhos).
Sentiu-se a falta do nosso Ex-Capitão Pires, também um dos habitues dos nossos convívios, mas nesta data encontrava-se de férias na República Checa.
Queixou-se o organizador e com razão de que muitas cartas de camaradas foram devolvidas ou por endereços desactualizados ou por estarem incompletos. Temos de procurar os faltosos, para que voltem a inscrever-se, com as direcções correctas (código postal certo, senão os CTT, devolvem).
Uma das pessoas que sentíamos mais a falta foi a do camarada Carlos Ferreira, cujo alcunha é bem a sua imagem: o "Nunca falha". Caro camarada soubemos que estás doente e que essa doença foi impeditiva de estares entre nós. É nosso desejo que reajas rapidamente a essa "emboscada" traiçoeira que te surgiu e possas voltar a conviver connosco no próximo ano. Muita força Ferreira!
Foi com alegria que tivemos a companhia do nosso ex-2º Comandante, Moreira Campos (Coronel reformado), pessoa por quem, pessoalmente tinha e tenho muita estima e consideração o que, julgo, se estende a todo o pessoal.
Também nos brindou com a sua presença o Ex-Alferes Mário Vasconcelos (responsável pelas transmissões do batalhão/CCS).
Recebemos também a visita do Magalhães Ribeiro, Ex-Fur. Milº Op.Esp, o "Pira de Mansoa",um dos co-editores do magnífico blogue da Tabanca Grande,o homem que desceu a última bandeira portuguesa na Guiné e que teve a amabilidade de se deslocar ao nosso Convívio, acompanhado da esposa, para nos dar um abraço de camaradagem. Feitas as apresentações a companhia endereçou-lhe uma salva de palmas, em retribuição do seu gesto. Um bem hajas Magalhães e à tua esposa (a paciência que as nossas mulheres têm de ter para nos aturarem nestas andanças), por teres roubado um pouco de tempo ao teu repouso para te deslocares ao nosso Convívio. Já sabes estás sempre convidado. Estarás sempre em família.
Um dos momentos altos do Convívio foi a passagem de fotos dos nosso tempos da Guiné, numa das paredes do restaurante, onde verificámos que estamos, efectivamente, muito mais velhos(!!!). Também foram vistas fotos do Dulombi actual, que muito sensibilizaram os presentes.
O Ex-1º Cabo Aux. Enfermeiro Pires (1ºGC), aproveitou para exibir uma garrafa de cerveja da marca Sagres (das pequenas,)das que nós bebíamos na Guiné. Aqui recordo que em Janeiro de 1973, a companhia, segundo a intendência, bateu o recorde de cervejas bebidas naquele mês em todo o TO. O camarada Pires mostrou ainda uma colecção de moedas (pesos) que usávamos no território.
As minhas desculpas pelas fotos aqui publicadas não terem ficado de grande qualidade (com excepção da do grupo), em virtude de uns maçadores rasgos de luz que, inexplicavelmente, surgem do lado direito. Espero que as do fotógrafo tenham ficado melhores e quando elas vierem as publicarei. Se algum camarada quiser enviar alguma para publicação faça favor.
A CCAÇ 3491, reforçada pelo então 2º Comandante
Esq./dta: Parente (Alf.4ºGC), Moreira Campos (Coronel), Dias (Alf. 2º GC), Carvalho (Fur.4ºGC) e Rodrigues (Fur. Mec.Auto)
Esq/Dta: Carvalho (Fur. 4ºGC) e Rodrigues (Fur. Mec.)
Em baixo o Nogueira, em pé o Soares (Fur. Trans.) e o "Charlot" (2ºGC)
a dta. o Avelino (1ºGC) e à Esq. o seu irmão Augusto
De pé e de cor de Rosa o organizador do evento, o Ribeiro e de frente o filho e um dos irmãos do Avelino
Costa (responsável da cantina), Graciano (3ª GC) e o Rodrigues (Cond.Auto)
De óculos o "professor" e a seguir o Casimiro (2º GC)
À esq. o Pedro e à Dta o Norberto (ambos do 2º GC)
Imagem de outra das mesas
Aspecto de outra das mesas
O Bolo do Convívio
Abertura do bolo do convívio
sexta-feira, 20 de maio de 2011
A VIDA E A MORTE NA PONTA DE UMA VARA
Elementos do 4º GC da CCAÇ3491 a efectuarem a picagem Dulombi-Galomaro (época das chuvas).
Picagem do PEL REC/CCS na estrada Galomaro-Dulombi (época das chuvas)
Elementos do PEL REC/CCS a efectuarem a picagem Galomaro-Dulombi
A Berliet do Juvenal na Picada do Dulombi a ser momentaneamente conduzida pelo Fur. Soares da CCAÇ3491 (época das chuvas)
PUBLICADO NO BLOGUE DO LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ (Com a devida vénia)
1. Mensagem de Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 18 de Maio de 2011:
Caros camaradas Luís, Carlos, Magalhães, Briote e restante camaradas da Tabanca Grande
A malta que passou por Galomaro tem uma página no Facebook onde, independentemente da altura em que lá estiveram, há uma constante e salutar troca de impressões, conhecimento e recordações.
Algumas dúvidas aparecem sobre este ou aquele acontecimento, que são prontamente esclarecidas. Também as fotos quartel de Galomaro no inicio da sua construção, se cruzam com as mais recentes. Também as Companhias de Cancolim, Dulombi e Saltinho têm sido largamente faladas, pois nós não podemos esquecer esses sítios, uns com mais bons momentos que os outros, na verdade mas mesmo assim relembrados aqui e ali.
Ontem o nosso camarada Luís Dias membro do blogue, com o qual acabei por dividir a construção deste texto, postou uma foto sobre a árdua e perigosa tarefa da picagem, neste caso do grupo de combate que vinha do Dulombi ao encontro da coluna que progredia de Galomaro.
Ao ver as fotos, achei graça porque eu tenho as fotos das picagem desta feita pelo Pel Rec da CCS, pois lhes calhou nesse dia fazer esse ingrato trabalho para a nossa segurança. O fotógrafo foi o mesmo sem dúvida nenhuma, o ex Furriel Carvalho do Dulombi segundo a informação do Dias.
Quem duvidará da coragem dos homens, que sabiam que um passo em falso seria a morte ou o ferimento grave que estava ali? Ainda se tinham que preocupar com as artimanhas e os avanços tecnológicos na arte de matar, que houve na evolução desse perigosos engenhos e com a esperteza dos «semeadores» que usavam por vezes o rodado mais de dentro ou mais de fora. Apanhavam assim as viaturas mais pequenas, com o rodado mais estreito que as Berliet. Penso ter sido o caso da que apanhou o nosso camarada Falé a caminho do Dulombi.
Assim as varas com a ponta em ferro foram substituídas por pontas em osso, chifre, ou simples madeira, para que as minas, denominadas de papel, não explodissem ao toque da ponta de metal (a ponta de metal furava duas placas de papel de prata/alumínio fazendo a ignição da mina).
Quem já tinha passado pela dolorosa experiência de ver morrer um camarada ou ver outro voar com a viatura, pensaria duas vezes a cada passada e cada espetadela da vara no chão.
Era o caso destes camaradas que já tinham passado por isso, mas a cada nova coluna, lá voltavam eles a pegar nas varas e tentar assim, que houvesse segurança para quem seguia um pouco mais atrás.
A VIDA E MORTE NA PONTA DE UMA VARA
A morte estava ali a cada passo
Não se podia ignorar
Não se podia recusar nem voltar atrás
Mão firme pensamento presente
A cada passada o arrepio do toque lúgubre
Era uma pesca mortal
Ao pescador não se era permitido errar
Quando regressar pagará aquela promessa
De repente a ponta resvala em algo
Um misto de orgasmo e terror
Percorre o corpo do infante
Estava ali, desta vez descoberta a malvada
Vamos rebentar com ela!
E desta vez a vida derrotou a morte.
A todos os camaradas que passaram por esta horrível, mas tão necessária prática.
Um abraço a todos
JA
PS: A picagem do troço a partir do Dulombi, iniciava-se, praticamente, poucos metros após a saída do quartel, enquanto o troço contrário iniciava-se antes da entrada da zona do Rio Fanharé, ou seja alguns quilómetros após saída de Galomaro.
Para completar e ainda referente aos nossos picadores, transcrevo parte de um poema do Luís Graça "Esquecer a Guiné", escrito em Bambadinca, em 13/2/71 e publicado no Blogue da Tabanca Grande, em 15/6/05, com a devida vénia para o autor e para o blogue.Lembrei-me das primeiras vezes que percorríamos a picada do Dulombi e quando passávamos o cruzamento com a picada para Mondajane (que no nosso tempo já não era usada), havia uma árvore onde se podia ainda ver farrapos de uma farda de alguém que ali perdeu a vida devido a uma mina anti-carro (ao que parece pertencia a uma companhia madeirense, segundo relato no blogue de um elemento da CART2339, que também seguia nessa coluna).
Um lenço de pescoço,
Desbotado, pelo sol, no ramo de uma árvore.
Um homem, um picador,
Que se desintegrou com uma mina à cabeça.
Uma mina anticarro.
Sobrou o lenço, vermelho,
Que ficou pendurado no alto de uma árvore.
Na estrada para Mansambo.
Eu costumava olhar para o teu lenço,
Picador e guia das nossas tropas,
Sempre que fazia segurança
Às colunas de reabastecimento
Que se dirigiam a Mansambo, Xitole e Saltinho.
Nunca soube o teu nome.
Nunca perguntei pelo teu nome.
Nunca me interessei por saber o teu nome.
Sei apenas que nesse dia
Ias ganhar manga de patacão
Por detectares e desmontares
Uma mina anticarro.
LG
Subscrever:
Mensagens (Atom)