O encontro de combatentes da
nossa companhia que se realizou em Folgozinho-Gouveia foi um êxito. Ao nosso
pessoal associaram-se bastantes familiares e alguns amigos, juntando em alegre
convívio cerca de 60 pessoas.
A reunião iniciou-se pelas 10H30
no agradável parque da Senhora dos Verdes, Cativelos-Gouveia, onde fomos criando apetite para o almoço com
uns queijos, uns chouriços e afins, acompanhados de vinho da região branco e
tinto. Em seguida, na capela do parque, procedeu-se à missa por alma dos
camaradas falecidos.
Após a celebração dirigimo-nos em
caravana para Folgozinho, restaurante “O Albertino”, um dos mais famosos da
região, onde fomos recebidos por música ao vivo para criar ambiente tocada por
um jovem acordeonista.
O “ataque” iniciou-se a umas estupendas
entradas, onde se destacaram, entre outros, o leitão no forno, a feijoada de javali,
uma cabidela de coelho, salada de polvo e de orelha, regados com vinhos da
região, cerveja e outras bebidas (Self service). No serviço à mesa, seguiram-se
os pratos quentes: sopa de legumes, bacalhau com broa e grelos, borrego assado
no forno e vitelinha grelhada com arroz de legumes. Uma grande variedade de
sobremesas esteve ao nosso alcance, em que se destacaram: o doce à Allbertino, o
doce Grilo e o requeijão com doce de abóbora, bem como o café e habituais
digestivos (estes para todos os gostos, até porque houve camaradas que fizeram
questão de também trazer para o convívio umas aguardentes de sua lavra). Após a abertura do bolo, com um brinde com
espumante rosé, houve um momento alto com todos a cantarem a nossa famosa
canção: “Dulombi te deixarei”.
O Convívio terminou pelas 18H30,
após palavras de agradecimento do organizador – camarada José Carvalho Santos,
Ex- sold. transmissões – e de breves palavras do camarada que irá organizar o
evento do próximo ano – o Ex-1º cabo enfermeiro, Francisco Pires – o qual irá
ter lugar em Fátima e ainda houve tempo para a entrega de diversas prendas, algumas vindas da
autarquia de Gouveia, que se associou à festa, tendo estado presente um seu vereador.
O evento foi, efectivamente,
bonito. O nosso ex-capitão, que não pode estar presente por se encontrar em
Berlim, enviou uma mensagem para o organizador que a leu para todos nós. A
surpresa do dia foi o surgimento do nosso “morto-vivo”, o Ex-Furriel Mário Castanheira,
do 3º pelotão que, para regozijo de todos nós, está “bem vivo da costa” e pôde,
ao fim destes anos todos, voltar a ver os camaradas da sua companhia (foi a 1ª
vez que esteve presente num convívio da nossa CCAÇ e há vários anos que alguém,
erradamente, nos informou e até foi publicado no nosso blogue, que ele havia
falecido). Sê Benvindo!
Infelizmente foi-nos transmitida
a notícia que o Ex-Furriel José Tavares Batista do 1º Grupo de Combate (que foi
quem, praticamente, por mais tempo comandou o grupo, após o seu primeiro
Alferes ter dado baixa ao hospital (Ernesto Ribeiro) e o substituto (Manuel Leite)ter
ido para o Pel. Caç. Nat.53) e que nunca tínhamos conseguido contactar, faleceu
há mais de 10 anos. Fomos também surpreendidos com a morte de um dos nossos
alentejanos: o Ex-1º cabo António Costa, apontador de morteiro 81mm e o nosso
cantineiro. O Costa nunca falhava um convívio e dizia que em cada ano ficava
sempre ansioso até receber a carta de confirmação do encontro. A estes dois
camaradas erguemos a nossa prece e o desejo de que descansem em paz.
Outra surpresa foi o ter
aparecido o Ex-Sold. de trms do meu GC (2º), José Gonçalves, acompanhado da
esposa, o qual não via desde o nosso regresso em Abril de 1974.
Um abraço muito especial para
duas pessoas que nos honram imenso com a sua presença e eu, especialmente,
muito considero, o Dr. Rui Coelho (médico do batalhão) e o Engº Mário
Vasconcelos (responsável pelas transmissões do batalhão). O nosso médico é uma
daquelas pessoas que transmite boa disposição a quem está à sua volta, pois
traz sempre imensas histórias para partilhar connosco. O engenheiro Mário é,
como todos sabemos, uma joia de pessoa e um vimaranense à maneira, com quem dá
gosto conversar e conviver.
Também não posso esquecer a
família Martins do nosso Ex-1º Cabo Avelino, o “Russo”, do 1º GC, pessoal de
Matosinhos, que o acompanha para estas andanças e, para além de serem uma
família muito unida, agregada em afectos, integraram-se muito bem no espírito
que norteia os nossos encontros. Para eles o meu apreço e o desejo sincero de
muita saúde e de muitas felicidades, pois bem merecem.
O camarada Manuel Pedro (o condutor
da nossa Berliet) informou-nos que o Carlos Ferreira, o “Nunca Falha” (que é seu
vizinho), tem apresentado algumas melhoras devido à doença que o atingiu, o que
muito nos apraz. Para ele e para a sua família um abraço dos seus camaradas que
sentem saudades da sua forma de estar e da sua alegria e lhe desejam rápidas
melhoras.
O malandro do Norberto, o “Charlot”,
continua a ser um dos convivas com mais capacidade de por a malta toda bem-disposta,
conforme o fazia na Guiné, às vezes até demais (isto quando andávamos no mato e
ele julgava que estava no largo da sua terra em amena cavaqueira), obrigando o
furriel da sua secção a castigá-lo com fins-de-semana a cortar batatas.
Uma palavra para o José Carvalho
que organizou muito bem o evento, recorrendo, inclusive, a um megafone para
juntar as tropas. Até parecia que estava a dirigir uma manifestação.
E pronto, se Deus quiser para o
ano há mais!
O Editor
Luís Dias
PS: Aguardamos a chegada das
fotos de Grupo para posterior publicação.
“DULOMBI TE DEIXAREI!”
Dulombi te deixarei! Dulombi te deixarei!
Das emboscadas no mato, das emboscadas no mato e das minas da picada.
(Bis)
No começo desta vida, no começo desta vida, tal e qual como ela é.
Disse adeus à minha terra, disse adeus à minha terra e parti para a
Guiné. (Bis)
Quando cheguei a Bissau, quando cheguei a Bissau já tinha muito que
contar.
Chorei lágrimas de dor, chorei lágrimas de dor e depois pus-me a rezar.
(Bis)
Oh meu Deus vós dai-me sorte, oh meu Deus vós dai-me sorte, até ao fim
desta guerra.
Para não sofrer como muitos, para não sofrer como muitos e voltar à
minha terra. (Bis)
Dulombi te deixarei, Dulombi te deixarei, qual o dia é que eu não sei.
Mas eu agora vou lutar, mas eu agora vou lutar, honrar a Pátria também.
(Bis)
Dulombi te deixarei, Dulombi te deixarei, que seja breve eu te peço.
As tuas bajudas giras vamos deixá-las aos piras e nós vamos de
regresso. (Bis)
Dulombi te deixarei, Dulombi te deixarei, Dulombi das batucadas.
Das emboscadas no mato, das emboscadas no mato e das minas na picada.
(Bis)
Ao terminar esta canção, ao terminar esta canção, dela jamais me
esquecerei
Obrigado oh Virgem Mãe, obrigado oh Virgem Mãe. (Bis)
Eu aguardo o meu regresso!
O encontro iniciou-se no Parque Senhora dos Verdes, em Cativelos (Gouveia), pelas 10H30 para um "mata bicho", à base de queijos e chouriços da região.
Esq/Dta: O Ex-1º Cabo Enfº Franciso Pires, Dr. Rui Coelho, Engº Mário Vasconcelos e o Ex-sold.At.Norberto Fernandes, o "Charlot"
De frente: António Alves, o nosso "Professor" da escola dos Djubis do Dulombi (camisa ao quadrados) e a seu lado (polo azul claro) o Ex-1º Cabo Ap. Mort. 81mm, José Sousa
De frente a dar ao dente o Ex-Alf. Manuel Parente
Esq/Dta: De camisa branca e a encher o copo o Ex-Fur. Espírito Santo do 2º GC, depois de mãos nos bolsos o Valente, apontador de morteiro 60mm e a seu lado, o José Silva, o "Grijó", ambos também do 2º GC
Esq/Dta Valente, Grijó e Norberto
Aspecto da capela
Capela da Nossa Senhora dos Verdes onde se deu a missa por alma dos camaradas já falecidos e que é de 1872
O Ex-Alf. L. Dias e o Ex-Fur E. Santo, ambos graduados do 2º GC (Falta o Ex-Fur. Gonçalves, que vive em Otawa-Canadá).
Aspecto de parte das mesas no restaurante, estando de frente o Ex-Fur. Mário Castanheira e o Ex-1º Cabo Enfº Borges
Valente com a esposa
Outra das mesas.
De frente o Ex-Fur Manuel Rodrigues (o responsável pelas viaturas da companhia)
Ao fundo de camisa azul e calça creme o Ex-Fur Alfredo Carvalho, do 4º GC
O nosso "morto-vivo", o Ex-Fur Mário Castanheira
Ex-Alf. L. Dias e Ex-1º Cabo José Sousa
De frente e de bigode (camisa aos quadrados) o Ex-Sold Trms do 2º GC, José Gonçalves
Ex-Alf. M. Parente , cmdt do 4º GC e Esposa
Ex-Alf. L. Dias cmdt do 2º GC e 2º Cmdt da companhia
Outra das mesas, estando de frente o Ex-1º Cabo António Melro.
Esq/Dta: Augusto Martins, a Esposa, o nosso Ex-1º Cabo Avelino Martins e o outro irmão e em 1º plano o Norberto.
Do lado esq e na mesa da família do Avelino Martins estão o Manuel Pedro e antes a sua Esposa
Ao fundo da sala o organizador Carvalho dos Santos a discursar
Ex-Alf Parente, Eng Mário Vasconcelos e Dr. Rui Coelho
Outro aspecto da sala, estando de pé, de camisa e calças claras e de óculos, o "Amarante" do 2º GC, o primeiro elemento da companhia a ver um guerrilheiro inimigo a avançar direito a nós.
Um exemplar da caixa de "granadas" de tinto da região que foi oferecida a cada um dos elmentos participantes